sábado, 2 de junho de 2007

2º BIMESTRE: A Contra-Reforma e o Concílio de Trento


No final do ano de 1535, o papa Paulo III constituiu um grupo de conselheiros para estudar a grave questão da reforma doutrinal e espiritual da Igreja Católica. Esse grupo produziu um documento editado pela primeira vez em 1538, no qual se fazia uma avaliação muito severa da situação da Igreja. O documento atacava em primeiro lugar o emprego abusivo dos bens da Igreja pelo papa, que podia vender "benefícios", dispondo livremente do que era considerado seu. Na sequência, constatava-se a ignorância e a imoralidade do clero, especialmente em Roma.

O Concilio de Trento

Após muitas hesitações e desentendimentos entre o papa, bispos, reis e imperadores sobre o local de realização e quem participaria, abriu-se a 13 de dezembro de 1545 o Décimo Nono Concílio Ecumênico da Igreja Cristã, na cidade de Trento. Paulo III, com 80 anos, ficou em Roma e presidia o concílio a distância.

O Concílio de Trento teve uma existência longa e tumultuada: foi interrompido diversas vezes devido a guerras, desen tendimentos, uma peste que grassou na região e reduzido número de participantes. Iniciou sob o pontificado de Paulo III, continuou sob Júlio III (quando os protestantes também puderam participar), não se reuniu nenhuma vez durante o pontificado de Paulo IV, voltou a reunir-se e terminou a 4 de dezembro de 1563 com o papa Pio IV. Tomou deliberações que mexeram na estrutura do clero e governaram a Igreja durante séculos.
O Sagrado Concílio de Trento, juridicamente reunido pelo Espírito Santo [...], exorta os bispos e todas as pessoas da Igreja aqui reunidas a celebrar o concílio universal, que pretende louvar sempre a Deus, oferecer-lhe sacrifícios, glórias e preces, e a realizar o sacrifício da missa pelo menos aos domingos: naquele dia Deus criou o mundo, ressuscitou os mortos e manifestou o Espírito Santo em seus discípulos [...]

Nós os exortamos ainda a jejuar pelo menos cada sexta-feira, em memória da paixão de Nosso Senhor, e a dar esmolas aos pobres; e que na catedral todos os domingos celebre-se a missa do Espírito Santo com ladainhas e outras orações compostas para esse uso [...]

E que enquanto o serviço da missa se faça, não se converse, não se fale nada: mas que se a assista com espírito de oração.

Os bispos devem ser irrepreensíveis, sábios, castos e bons dirigentes de seus bispados; o concílio pede que cada um seja sóbrio em sua mesa e coma pouca carne. É também preciso que se acostumem a não falar de assuntos ociosos durante as refeições: o concílio ordena leituras santas e que cada um instrua seus empregados a não semearem a discórdia, não beberem e não serem imorais, cobiçosos, arrogantes ou blasfe-madores. Que logo abandonem os vícios e sigam as virtudes; que nas roupas e no vestuário e em todos os atos eles sejam honestos, como convém a um ministro de Deus.

Na concessão de indulgências o concílio decreta que todo lucro criminoso daí proveniente será inteiramente abolido, como fonte de abuso grave entre o povo cristão; e quanto a outras desordens originadas da superstição, da ignorância,da irreverência ou de qualquer causa que seja, o concílio impõe a cada bispo o dever de denunciar tais abusos desde que existam em sua própria diocese.
(Resoluções do Concílio de Trento, 1563. Apud José Jobson de Andrade Arruda, História moderna e contemporânea, p. 45.)

O Concílio de Trento reforçou o poder do papa, criou o Index, relação de livros proibidos à leitura dos cristãos, eliminou a comunhão de ambos os tipos (pão e vinho), mantendo apenas a comunhão do pão. Obrigou também os bispos a residirem em suas sedes, conservou os sete sacramentos, reforçou o Tribunal do Santo Ofício (Inquisição), afirmou que somente a Igreja podia interpretar a Escritura e fixou regras para a formação e a vida dos padres (seminários) e dos regulares (clausura). Ao contrário dos protestantes, que defendiam uma cerimônia simplificada, salientou a importância da missa como sacrifício que renova o de Cristo, devendo ela ser realizada segundo ritual estabelecido pela Igreja:

Como a natureza humana não pode elevar-se facilmente às coisas divinas sem uma ajuda exterior dos sentidos, a Igreja, em sua bondade, instituiu diversos ritos: certas palavras da missa serão pronunciadas em voz baixa, outras em voz alta. A Igreja prevê cerimônias apropriadas, bênçãos, luzes, incenso, vestimentas e muitas outras coisas que procedem da disciplina e da tradição apostólicas. Por esses sinais visíveis da religião e da piedade, enquanto se recordam da majestade de tão grande sacrifício, os espíritos dos fiéis se elevam à contemplação das realidades celestiais ocultas neste sacrifício. (Resoluções do Concílio de Trento, 1563. Apud Miguel Artola, op. cit., p. 296-7.)

No debate sobre a salvação do homem, as posições se dividiam: enquanto uns afirmavam o livre-arbítrio, ou seja, que as boas obras feitas pelo homem o conduzem à salvação, outros defendiam que a salvação era obra unicamente da graça do Senhor, concedida segundo sua estrita vontade. Os teólogos rejeitavam Erasmo porque concedia demasiado ao homem, e Lutero porque lhe recusava tudo:
I — Se alguém disser que o homem se pode justificar para com Deus por suas próprias obras, [...] ou pela doutrina da lei, sem a divina graça adquirida por Jesus Cristo, seja excomungado.

IV — Se alguém disser que o livre-arbítrio do homem, movido e excitado por Deus, nada coopera [...] para alcançar a graça da justificação, dizendo que o homem é como um ser inanimado ou sujeito passivo, seja excomungado.

V — Se alguém disser que o livre-arbítrio do homem está perdido e extinto depois do pecado de Adão, ou que ele é um simples nome sem objeto, ou que ele é uma ficção introduzida pelo Demônio na Igreja, seja excomungado.
(Resoluções do Concílio de Trento, 1563. Apud Miguel Artola, op. cit., p. 296-7.)

O documento final terminou proclamando o livre-arbítrio, mas estabeleceu duas fases sucessivas na operação da graça:
Se a vontade humana, tocada pela misericórdia preveni-ente, faz um esforço para executar a vontade de Deus, então Deus lhe concede a verdadeira Graça, e, se o homem responde favoravelmente por suas boas obras, então ele a merece para a vida eterna. A Graça é necessária, mas não prejudica o livre-arbítrio, não é constrangedora. (Resoluções do Concílio de Trento, 1563. Apud Miguel Artola, op. cit.,p. 294-6.)

Trabalha como se tudo dependesse de ti; reza como se tudo dependesse de Deus. (Ditado popular da época. Apud Karl Rahner, Inácio de Loyola, p. 77.)

Ao longo de todo o concílio teve grande influência nas discussões teológicas um grupo de padres de sólida formação cultural, grande disciplina e intensa atividade militante, pertencente à recém-formada Companhia de Jesus — os jesuítas —, braço direito do papa.

2 comentários:

O SEMEADOR disse...

isto é uma imposição, se Deus que é um ser supremo nos deu o livre arbitrio, por que homens que nem de si dão conta falarão contra Ele. Na verdade este Concilio esta apenas consolidando as doutrinas de homens conforme Jesus falou, tenhamos cuidado, Deus é misericordioso e justo, que seja excomungado aquele que fala coisas contrarias a vontade de Deus. Seriam eles os donos da verdade, ou serão os novos deuses do olimpo.Creio estar diante de seres não guiados pelo Espirito Santo, que só pensam como Hittler em dominar o mundo, fazendo suas leis, utilizando-se da humildade de seus fiéis. Que vergonha pessoas que deveriam defender os direitos e deveres da igreja romana tentando cada um puxar a brasa para o seu peixe. Por iso alguns preferem assistir ao Fantastico e outros canais a ter que ir a um local onde a imposição reina, onde o evangelico é tido como herege e as leis de Deus são desreipetadas. Por isso mudei de denominação não fiquei a mercê dos sacerdotes (padres), que de santo não tem nada, até o vinho que deveria ser repartido com os fiéis só sacerdote toma, e no mais há varias coisas que se celebra que não estão de acordo com a palavra de Deus como o próprio batismo, a criança a ser batizada sabe ao menos o que está acontecendo? Seguindo o exemplo de Jesus... com quantos anos ele se batizou? será que as pessoas estão cegas ou estão sendo monitoradas como robôs, temo por estas pessoas que de boa fé vão as igrejas catolicas, mas que não sazbem o que acontece nos bastidores, onde a obra do engano começa.
Adorar a criatura (Maria) ao invés do criador (Deus) é pecar contra o Espirito Santo e transformar Maria em uma semi-deusa ou deusa, já que Deus foi retirado de circulação, pois Maria vende mais estatuetas e santinhos que Deus, do qual não podemos nem imaginar seu rosto. A mariolatria transformou a igreja, onde havia adoração a Cristo hoje só se fala em Maria, que em vida, segundo a Biblia Sagrada relata em seus escritos "nunca" fez um milagre sequer para merecer tamanha adoração. Por que após a sua morte faria ela tantos milagres citados em seu nome, se podemos pedir a Deus, em o nome de Jesus? será que o efeito seria diferente ou igual ou ainda melhor.
Me assusta muito que professos cristãos estão sendo enganados por pessoas que deveriam estar preocupados em levar o evangelho. Por que o papa e arcebispos e mesmo os bispos e padres não transformam as riquezas do vaticano em dinheiro e doam esse dinhero aos necessitados como o povo africano. Vestem-se de tanto ouro e pedras preciosas enquanto os fiéis vivem à margem da pobreza.
Obrigado pelo espaço cedido, que Deus lhe abençoe cada vez mais.
Abraços,
JUAREZ MACHADO, SEU IRMÃO EM JESUS CRISTO.

milena disse...

Eu queria saber quais as principais deliberações do "concilio de trento"
Eu sou 6°3 e vou fazer uma prova q tem essa pergunta e eu nao sei mesmo tendo o livro de história nele naum tem falando sobre isso me ajude por favor.
Palavra de uma estudante que naum quer ficar em recuperação.